quinta-feira, 25 de março de 2010

Você diz para si mesma que pode tudo ao mesmo tempo. Que tem braços imensos e costas fortes. Um coração controlável e uma mente moldável. Cria barreiras que chama de espaço mas sabe que pode pular dentro à qualquer hora, deslocando algum osso. E você não suporta se sentir aflita, precisa se sentir em completo e total controle. Por isso você cria linhas, como as do seu rosto, feitas pela maquiagem. Você coloca linhas na sua visão turva, ri muito para sempre estar feliz, ou pelo menos parecer. Você quer o pedaço maior do bolo, o último biscoito do saco. Você quer se sentir protegida, pois ainda é uma menina, mas não consegue pensar em precisar deixar de lado um pouco da liberdade. Às vezes sua liberdade te ilude, você acha que pode mais do que realmente pode. Acredita que todas as garrafas de vinho da mesa não lhe farão mal, pois é muito mais má. Nessas horas você constrói uma capa mágica, vende seu personagem e fala sem parar, sem se deixar vomitar. E isso tudo acontece quando o ritmo está rápido, porém o ritmo também fica devagar. Você então se encontra olhando para fora da janela, sempre busca tudo muito além. Nesses momentos você se lembra da sua fragilidade, que quase sempre está disfarçada por debaixo de todo o seu glamour. Você lembra que não consegue controlar tudo sempre e que sua segurança absoluta é somente uma maneira de fazer com que se sinta bem sobre si mesma. Ela não implica em minuto algum que vai realizar todos os seus desejos. Você quase sempre os consegue, de qualquer forma, e é por isso que é tão mimada. Às vezes você se encontra olhando para o céu e se perguntando se precisa escolher, se precisa mudar, se precisa ser mais consciente e menos sonhadora. Apesar de saber que faz parte da sua essência, existem horas em que você enxerga que precisa parar. Mas quem disse que você consegue? Você vai continuar correndo, enquanto te fizer sorrir. Porque você é absolutamente egocêntrica. E é por isso que escreve sobre si mesma, compulsivamente.

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