quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Bipolar


Nem se quisesse, nem se tentasse muito, nem se suasse as estopinhas.
Você não sobreviveria nos meus sapatos altos por um dia,
não aguentaria o calor da minha pele latejante,
a traição das vozes em guerra na minha cabeça,
o medo de viver e o medo de morrer,
a neurose crescente, a paranóia que não se vai.
A insegurança que uiva, o ódio que berra,
as feridas pertubadoras que sangram eternamente.
E por todos esses motivos,
odiaria quando o otimismo branco levantasse o humor,
odiaria se sentir feliz quando a parte 2 do cérebro entrasse em ativa,
aquela que sorri, aquela que canta - o high e não o low.
Que é tão miúda do lado da que joga tinta preta no sol e faz o dia ser tão escuro quanto a noite.


Um momento só, que depois é tomado pela parte 1.


terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Pele vívida


Minha pele é o mapa dos lugares por onde já passei. E eu não quero esconder as marcas, não são negativas, são diário. O que prestou, o que não prestou... tanto faz, sou eu. Estou aprendendo a arte independente de cair sem travesseiro embaixo e, não dói. Qualquer um que me tocar profundamente pode me machucar ou me curar. Qualquer um que eu conquistar a atenção, pode me deixar ou me amar. Um ou outro; simples. Nada machuca, nada surpreende, nada corrói, nada dura. A pele se renova todos os dias. Mas sim, sei que estou viva pra caralho. Entediada, assumo, mas feliz. Sei agora que tudo é. Só é. Fria de pedra, mas mais penetrante do que nunca. Somente os olhos pra fora... quieta... caçando.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sem título

Sinto que o vento é o mesmo e que talvez seja sua filha. Levada para lugares diferentes, minha alma gosta do caos e do desconhecido. Vejo uma mão aberta e uma fechada. Escolho a fechada pois não sei o que tem dentro. Sou eterna navegante, eterna descobridora. Sinto tudo na pele, agarro os momentos e tento nunca levar a vida muito a sério. Vida eterna camaleoa, com cabelos diferentes sempre, tentando sempre se redescobrir e se reinventar. Gosto da estrada, esperar e conseguir chegar, somente para partir de novo. Exploradora, compulsiva, paranóica. Não tenho muito medo, dou a cara para ser acariciada ou esbofetada. Tenho medo somente dos karmas, mas deixo a vida me levar. Nunca consigo estar somente parada. Gosto do tempo e da nostalgia, gosto do passado e amo o futuro. Todos os passados e todos os futuros. Descubro coisas com o tempo sempre, que precisa demorar um pouco para que eu ganhe experiência. Quero sempre mais do que tenho, do que tive, do que posso ainda ter. A linha do horizonte não existe, posso chegar em qualquer lugar. Tenho tudo que preciso quando realmente preciso e não gosto de sentir espaços vazios. Vejo flores, vejo sangue, vejo o mundo inteiro caminhar. O demônio sensual das tentações pega carona comigo de vez em quando e eventualmente se senta no banco da frente depois de muita vodka. É perigoso, pode virar desastre, mas acima de tudo, me deixa excitada. O prazer é o ingrediente primordial para qualquer movimento meu. Escrava da sensação; barriga estufada de gula, pele tensa de luxúria, cama grande de preguiça, olhos ardentes de ira, maquiagem indefectível de vaidade, malas prontas de orgulho, movimentos bruscos de inveja, mãos gatunas de avareza.
Não posso dizer que não estou vivendo. Sou feliz simplesmente porque acredito que tudo acontece invariavelmente quando e porque deve acontecer.